Todas as sextas-feiras eu respondo perguntas enviadas pelos leitores do blog. Se quiser me mandar uma, acesse este link e aperte enviar (ou tente nos comentários!).
Vamos ao desta semana!
Opa! Como você sabe se tem uma idéia digna de ser desenvolvida, trabalhada e transformada num roteiro?
Obrigada pelo site,
Renata
Fala, Renata!
Tudo bem?
Poxa, como você sabe se está apaixonada, se aquela pessoa merece que você largue a vida solteira e se jogue de peito aberto? Sei lá, você simplesmente sabe. Lá no fundo do seu coraçãozinho (ou aquela parte do cérebro que chamamos de coração) tem algo que lhe diz que aquela é uma idéia que tem um borogodó e vale a pena lutar por ela.
Sou romântico e acho até que não existe idéia feia, você é que não tá queimando a mufa o suficiente pra fazê-la bonita.
Mas, claro, analíticamente, usando a razão pra supervisionar a emoção, acho que tem algumas coisas que podem ajudar a ver em que posição da sua fila de prioridade se encaixa a idéia:
- O núcleo desta idéia interessa só a mim ou mais gente se importaria com o que essa idéia representa? Ou melhor: eu consigo desenvolver essa idéia de uma maneira que ela fale também para outras pessoas? Não confunda achando que isso a fará ser menos pessoal. Sempre é pessoal. O que não queremos é que ela seja hermética. Se você a ama de verdade, quer mais é que mais pessoas se relacionem com ela e façam-na sentir-se amada.
- Você consegue imaginar um personagem que sintetize em si valores e contradições necessários para explorar de uma maneira satisfatória o "tônus" emocional dessa idéia? Ou só tem a "ação" da idéia (x faz y pra conseguir z)? Resumindo: você tem "o que", mas não consegue imaginar o "quem"? É necessário ter o "quem", pois invariavelmente o público usa o "quem" como veículo para se inserir na história. Quando tudo dá certo, o público mergulha na história usando nossos personagens como "avatares". Através deles, o espectador projeta em si as emoções vividas no filme. Se tá impossível achar o "quem" do seu "o que" (é extremamente raro, mas acontece) talvez essa idéia não mereça a sua devoção imediata. Manda pros "Homenszinhos" que eles vão tomar conta dela, dar vitamina, botá-la pra malhar, ensinando-a francês e tudo mais.
- Temporalidade. Esse é o momento certo para essa idéia? O tema aparente ou o tema mais profundo (o "sobre o que essa história REALMENTE está falando") reverbera/ressoa com os tempos que estamos vivendo? Se sua história é sobre a vinda da corte portuguesa pro Brasil e mais profundamente fala sobre lealdade... sei lá, acho que tem pouco ponto de contato com o momento atual e dificilmente esse roteiro vai sair da sua gaveta, né? Não digo que ela não merece ser desenvolvida; seu take pode ser muito maneiro sobre esse assunto! Mas se a intenção é escrever pra colocar na roda e tentar usar profissionalmente no futuro próximo... melhor considerar isso.
Obrigado pela pergunta; a contribuição da galera que faz o site ser bacana!
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