Masterclass Aaron Sorkin

By Eduardo Albuquerque - 7/18/2016




Por favor esqueçam que eu sou roteirista com filme e seriado produzido, 10 anos de carreira e criei exatamente um site sobre roteiros, porque senão vai parecer que estou falando isso para me auto-bajular/afirmar e juro que não é o caso! Mas o lance é que por muito tempo eu tenho (e acho que muita gente também) um "mixed feelings" com os ditos "gurus de roteiro".

Os pioneiros (Syd Field, Robert Mckee...) eram todos teóricos que chegaram numa época onde não havia material didático sobre o tema e o desbravaram através de observação de padrões em histórias e roteiros. O que foi uma grande ajuda, sem sombra de dúvidas, pois, através de suas sensibilidades e capacidade analítica, apontaram (e seguem apontando) gerações para um rápido entendimento introdutório do roteiro. Mas além de sempre ter achado muito verborrágico/desnecessariamente confuso o discurso e a didática deles- sei lá, acho que é uma coisa meio do mundo do cinema nos anos 70 - como desde criança trabalhei no meio, sentia tudo aquilo muito distante do que eu vivia in locco. Eu, inevitavelmente, mesmo com muita boa vontade, me pegava pensando "mas broder, baseado em quê você fala isso? Em que time você jogou, fera?". Por isso, foi um alento quando conheci o Blake Snyder, um cara que de fato trabalhou como roteirista e, acredito que por isso, conseguiu dar insights mais certeiros, apontar coisas que não são tão óbvias de um ponto de vista mais realista e menos auto-indulgente ou, erm... punheteiro? Deslumbrado! Deslumbrado é melhor. Só que ainda assim o chato poderia dizer que o Blake Snyder não era lá dono da filmografia mais inesquecível (e se for pra alguém, o é pelos motivos errados) e, portanto, pouca diferença faria de um bom teórico/analista para um conhecedor da causa.

Mas agora não vai ter argumento; o bicho vai pegar na corrida dos gurus do roteiro, porque Aaron Sorkin, possivelmente um dos maiores roteiristas vivos, está lançando um curso online de roteiro. Ela será parte do site "Masterclass", que pega figurões de várias áreas e os faz bolar uma didática dando segredos de sua arte.

Conhecimento de causa e qualidade do trabalho? PESADO. Pelo menos umas 3 séries televisivas memoráveis onde ele era showrunner. Uma delas é só "The West Wing", recordista de Emmy's e justíssima presença em 8 de 10 listas no Top 10 melhores séries de todos os tempos. E no cinema ele fez só uns roteirinhos que volta e meia tão no Oscar, tipo "Steve Jobs", "A few good men" e "The social network".

Didática? Vamos ver... mas eu acredito que com todos os predicados dele (e sua personalidade aparentemente nerd) ele vai poder dar insights muito legais pra que a gente possa acender umas lâmpadas nas nossas cabeças e ter uns momentos "eureka!". No final das contas, nesse tipo de matéria inexata, quem faz as descobertas é sempre o aluno. Os "professores" só tentam dar suas versões e quem digere e transforma é o receptor. Eu tenho bastante consciência disso quando escrevo aqui na Sala. Não to tentando ensinar nada, apenas falar da minha experiência para assim, vocês, roteiristas imaginativos, fazerem uma historinha colocando-se no meu lugar para, assim, estalarem os dedos e fazerem suas próprias conclusões de o que funciona pra VOCÊ, afinal o seu roteiro só você pode fazer do jeito que você quer/sabe.

Óbvio que já me matriculei. Ainda não tenho muitas informações exatamente de como é o curso em si - pelo que dá pra entender são umas video-aulas pré-gravadas que você faz no seu tempo (dentro de sei lá, 6 meses) e meio que seguindo as temporadas de "The West Wing", já que é mais centrado em "television writing" (já to revendo West Wing no Netflix!) e acho que lá pelo final você produz algo e tem uns inputs do próprio Sorkin - mas de toda forma acho que uma chance dessa não se deixa passar. 90 dólares me parece um preço sensacional para poder ter acesso a 5 horas de elocubrações de um criador e realizador desse calibre.

Quem mais vai fazer? Vamos ser colegas de classe e jogar bola no recreio?

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7 comentários

  1. Eu vou, Edu! Meu inglês não é lá 100%, mas acho que dá pra encarar. Vai ser legal poder trocar umas figurinhas. :)

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    1. Boa! Como a aula é gravada, você pode sempre pausar, voltar e procurar no dicionário o significado das aulas. No mínimo já vai melhorar seu inglês e isso abre MUITAS portas de conhecimento e escrita! :)

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  2. Que incrível!
    Não estou encontrando West Wing no catálogo da Netflix!
    Parabéns pelo blog Edu!

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  3. Putz, queria muito, mas no momento da vida, vou ter que adiar... Mas deve ser sensacional.
    Esse final de semana consegui uma folga e fui ver Dois Caras Legais, do Shane Black. Gosto muito do trabalho dele, especialmente o kiss kiss bang bang e a série Lethal Weapon. A especialidade dele é Buddy Movies, e esse último está especial. O roteiro não é um primor pelo todo (as viradas são meio forçadas muitas vezes e os arcos da dupla são bem morninhos), mas as cenas isoladas e os diálogos são incríveis. Claro que ter Russel Crowe e Ryan Gosling (esse está demais) ajuda. Mas sabemos que sem um bom texto, de nada adianta estrelas na capa. Enfim, achei um bom filme, com ótima mistura comédia/ação com diálogos e situações incríveis. Shane Black, pra mim, é uma ótima fonte.

    Abraço!

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    1. Com certeza! Shane Black é um daqueles roteiristas míticos. Tem altas historias dele.

      Vou ver esse filme, o Ian SBF também falou bem, agora você... pegou minha atenção!

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  4. Então, tem uma cena bem Porta dos Fundos style, envolvendo ativistas numa escada. É sensacional. Pura diversão. O filme todo tem momentos de inspiração ("casamento é quando você compra uma casa para quem você odeia") e diversão pura. Um alívio no meio de tanto filme de super herói. Aliás, consegui ver no NOW o BatmanvsSuperman. Cara, que porcaria de roteiro e filme. Sabe aquele filme que tu vê a cena e espera o personagem dizer algo... mas ele não diz? Que desperdício de grana (do estúdio) e tempo (meu). Aliás (II), chega de filme de super herói... Pior que quando sai um bacaninha desse Two Nice Guys, ninguém vai ver. Acho que não rendeu muito em bilheteria. Como escrever num mundo assim?

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