Reflexões sobre Buddy Movies (II)

By Eduardo Albuquerque - 4/19/2016




No último post, filosofei um pouco sobre Buddy Movies e como o gênero dispõe sua narrativa através de imagens que visualizo. Hoje levo a filosofada do campo do S.O.S. Roteirista para uma ótica mais relativa a Mercado: acho que o buddy movie é uma excelente escolha para o atual momento do mercado brasileiro e você, roteirista, deveria ficar de olho. Os motivos são alguns:

  • Duas estrelas = mais público
Esta não tem a ver com a época em si - é sempre assim - mas o fato do Buddy Movie dividir o protagonismo em duas estrelas, diversifica as chances do filme ser mais visto. De repente você tem DUAS "fandoms" que possivelmente serão mobilizadas a irem ao cinema. A boa escolha deste duo (ou mais) de protagonista observaria, inclusive, uma intercessão grande no Teorema de Venn dos fãs destes dois (ou mais) protagonistas, de maneira a ter mais gente com DOIS motivos para ir ao cinema. Os atores são grande parte do motivo pelo qual o público escolhe um filme, então este é um item que nunca passa desapercebido na hora que o produtor pega o projeto e pensa "opa; dois protagonistas!".

  • Ascensão Feminina no Brasil
No mundo e no Brasil, cada vez menos a mulher é suprimida. No audiovisual idem. Houve uma necessária e recente explosão de reconhecimento de talentos femininos no humor brasileiro e no cinema como um todo - como vimos neste post, em 2015, 6 dos 15 filmes brasileiros mais vistos eram estrelados por mulheres, sendo que outros 2 eram buddy movies, então, pode-se dizer que 8 dos 15 tinham mulheres protagonizando - o que é excelente para o gênero, que carece de uma dupla forte. Sim, o buddy movie pode ser com dois homens ("Máquina mortífera" e mil outros são exemplos), duas mulheres ("Thelma & Louise" e mil outros são exemplos), podem ser comédias, dramas ou "românticos", mas a POSSIBILIDADE de diversidade é muito importante. Só na quantidade que vem a qualidade e, com um mercado tão aquecido por essa renovação de interessantes talentos de humor e, principalmente, feminino, mais e mais histórias que antes morriam no nascedouro por "mas não tem ninguém com igual star power pra dividir o holofote com _____", agora podem ser incentivadas com a promessa de interessantes combinações de elenco. Um filme com buddies ying-yang fisicamente e comportamentalmente como Tatá Werneck & Fabiana Karla, outro que pareie os dois campeões de bilheteria Leandro Hassum & Fabio Porchat, e por que não o casal Marcelo Adnet & Dani Calabresa? 

  • Espelho da sociedade
Por último, tematicamente estamos falando de um gênero que coloca duas forças em oposição e que devem aprender a conviver respeitando o limite do outro, encontrando um caminho confortável para os dois. Em uma época de extrema polarização como a que atualmente vivemos no Brasil (e poderia argumentar que SEMPRE vivemos, mas aí é assunto pra outro post e, a bem da verdade, pra outro blog), este tipo de história bate muito próximo do coração e pode nos ajudar a refletir com efeito sobre muito do que estamos fazendo. Pode ser uma boa alegoria para que vistamos a carapuça e pensemos, ou, no mínimo, para promover boca-a-boca ou, infelizmente e mais provável: bate-boca. De toda forma, se beneficia o mercado que terá um filme comentado, o que torna maior a chance de se traduzir em ingresso vendido, dinheiro no bolso e setor aquecido.

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