Agora que já foram escolhidos é “água embaixo da ponte”, mas quando divulgaram pela primeira vez as imagens dos mascotes das Olimpíadas no Brasil, com as duas simpáticas figuras, uma representando a flora brasileira e outra representando a fauna brasileira, minha cabeça de roteirista ficou pensando em duas boas lições relacionadas a construção de personagem que podemos tirar do episódio.
- Não complique; explique!
No caso dos mascotes, entendo a necessidade de “interatividade” da coisa, mas se temos essa bela explicação, esse belo conceito por trás dos personagens e ainda a INCRÍVEL coincidência de ambas serem também um nome próprio, por que não dar para as criaturinhas o nome de... *TAM TAM TAM TAM* Flora e Fauna?
As opções “Tom” e “Vinicius” (especialmente se comparadas com o saudoso Fuleco) até são boas, mas isso não vem ao caso. A parada é que “duplicar” em sentido não é a boa; só confunde. Não tem nenhum signo de bossa nova nos personagens! Pra quê? É sempre melhor costurar pra dentro e fortalecer o núcleo do personagem. Reiteirar as características fundamentais que você deu. Cuidado com sinais contraditórios!
- Menos é mais
De volta aos mascotes; por que dois personagens? Ok, não é a primeira vez que acontece de ter dois mascotes - não dá pra creditar ao ufanismo Brasileiro; ultimamente tem rolado bastante... – mas será que não dava pra ser um só mascote que caracterizasse flora e fauna ao mesmo tempo? Não é um Double mambo jambo; cada um dos personagens criados já é bem cheio de poderes estranhos. Pelo contrário; acho que fica até mais fácil de entender/memorizar. Um ser único com características de animal (pula, corre, voa, nada) e poderes ligados à flora, a cabeleira de plantas, os galhos, poder de chuva etc. Nascido da explosão de alegria pela escolha do Rio de Janeiro como sede dos jogos, um “ser” que representa a flora e a fauna, um ser que representa o Brasil.
E se quiser ainda dar significado, já que na teoria um deles é para os Jogos Paraolímpicos, por que não fundir os dois personagens mas sem perder a singularidade deles? Um ser siamês, que representa a diversidade e a dificuldade e preconceito que o portador de necessidades específicas e outros oprimidos sofrem?
Tá, ok, aí exagerei no avant agarde-ismo.
Enfim... Procure sempre ver se não tem alguém se imitando. Os atores tem muitas ofertas; dificulte pra eles e tente fazer o mínimo de personagens possíveis. Os que pegarem seus personagens vão é gostar, pois, concentrando características e funções no mínimo de personagens possíveis, você dará papéis mais fortes pra eles. Só não esqueça que, para fazer isso direito, você tem de sempre lembrar que o sentido dessa ‘redução’ é explicar e não complicar: cuidado para não concentrar características e funções contraditórias nas suas criações.
Não torne seus personagens preto e branco. Mas arco-irís também não te ajudará em nada. Procure um dinamismo cromático. Caminho do meio neles.
1 comentários
Keyser Soze. Alex DeLarge (vem da literatura, mas tá no cinema. Aliás, Kubrick mudou o final de Laranja Mecânica, quem diria...). Jason Bourne (literatura again). Indiana Jones (porrr...) e assim vai...
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