Todas as sextas-feiras eu respondo perguntas enviadas pelos leitores do blog. Se quiser me mandar uma, acesse este link e aperte enviar (ou tente nos comentários!).
Vamos ao desta semana!
Como se lida com patrocínio dentro do filme? Exemplo: Arnoldão em T2 passa por um prédio com o letreiro SONY enorme luminoso.
Carlos Muniz
Fala, Muniz!
Olha você aqui de novo!
Antes de qualquer coisa, tem algumas coisas a serem diferenciadas e explicadas. Patrocínio aqui no Brasil é feito via a famosa lei Rouanet, na qual a empresa aplica 4% do seu imposto de renda em um projeto cultural e mostra sua marca no início do filme. Somada à editais culturais de financiadores estatais como o BNDES, orgãos culturais regionais (secretária de cultura etc.) e mecanismos como os fundos setoriais, esta é a maneira como são feitos a maioria dos filmes de longa-metragem de mercado aqui no Brasil. O que não deve ser confundido com Merchandising, que é qualquer intervenção de marca DENTRO do filme. Cada marca que figura em cena significa $$$ extra em troca daquela publicidade; sendo ela um $$$ que a produção economiza de ter que gastar com algum produto/objeto caro (uma permuta), ou uma menção ao produto/interação com o produto por parte dos personagens, ou a simples aparição (como no caso da Sony e Arnoldão) da marca/produto na tela.
Como um roteirista lida? Bom, cada um é cada um, mas eu, pelo menos, lido muito bem. Quanto ao patrocínio não faz nem sentido ter qualquer outra relação: sem ele não tem como fazer filme. O método como ele é feito, uma discussão sobre o mercado cinematográfico andar com as próprias pernas, é outra história. O fato é que, nenhuma produtora tem dinheiro para bancar sozinha um longa-metragem, que é muito caro. Então, ela precisa se associar a uma ou mais marcas que tenha(m) dinheiro e vislumbre(m) no filme uma oportunidade, seja ela comercial ou não. Assim todo filme é um produto comercial. Pensar de outra maneira é infantil e inútil.
E quanto ao Merchandising, ele significa mais dinheiro para o filme e mais dinheiro no filme significa maior production value, então I'm all in! Tem gente que não gosta, que considera a presença da marca ruim para a sua história, mas eu, pelo contrário, acho que marcas conferem realismo para o filme. Quando você vê o personagem bebendo uma "Zepsi" você imediatamente tira o espectador da história, ele percebe que tá vendo uma farsa. Você não quer isso. Quer ele engajado. Então, sou mais ver ele bebendo a latinha azul... ou vermelha! Quem pagar mais! Especialmente quando a marca não está apenas no fundo do quadro, quando o personagem interage de alguma forma com ela, aí que eu acho legal. Vejo como um desafio inserí-la de forma natural e divertida, agregando à sua história. Muitas vezes eu mesmo que sugiro alguma cena com marca, pois além de ajudar em algo, sei que pode trazer dinheiro para ajudar o filme a ser feito e bem sucedido. Claro, falando assim parece fácil, uma relação perfeita. Não é. Nem toda marca tem senso de humor (ou senso de entretenimento, sei lá) e quer sua inserção perfeita, sem qualquer risco para ela. A dramaturgia (comédia ou não) é movimentada através de conflitos, se nada der errado (ou parecer que vai dar errado) não dá vontade de assistir, então às vezes complica quando, mesmo que não seja nada relacionado à marca, o personagem sofre algo na cena onde ela aparece inserida e aí o departamento de marketing se sente desconfortável e pede mudanças. É nesse momento que você tem que ter produtores parceiros, que entendam que o roteiro também não pode ficar totalmente em segundo plano para a publicidade e defendam junto com você um meio do caminho entre marca e filme. Queremos o dinheiro, mas não sob qualquer condição.
Espero que tenha dando uma luz , afinal:
Este post é trazido pra você pela Light! 110 anos com você
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