ESTREIA: A most violent year (2014)

By Eduardo Albuquerque - 4/04/2015




4 Leos na Escala DiCaprio de bons filmes*

Da escola David Simon de exposição narrativa. Talvez o maior display desta categoria; até os 47 minutos do filme nada é mastigado pro espectador e, adivinha só?, você tá conectadão tentando preencher os espaços e ligar os pontos. Boas atuações, mundo interessantíssimo e retratado com muita classe por J.C. Chandoor e a fotografia wide de Bradford Young. Definitivamente não é pra quem curte mastigadinho e quer compensações claras. Mas pro meu gosto... eu veria hoje mesmo no cinema!



*A escala vai de 1 a 5

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3 comentários

  1. Vi que você citou David Simon, deve ter acompanhado ou acompanha a série dele The Wire. Eu estou assistindo, soube dela pelo livro Homens Difíceis e estou assistindo, no começo ainda, 6º episodio da primeira temporada, mas já me chamou a atenção a riqueza de detalhes do David no roteiro e como informa no livro Homens Difíceis sobre o trabalho anterior de pesquisa que ele fez que foi gigantesco, dá para perceber de que tudo que é trazido na tela tem um fundamento.
    autor: Jeferson (os comentários anteriores da playlist e da criatividade também foram meus, gostei do blog, tenho esmiuçado cada texto, muito bom)

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    1. Fala, Jefferson! Obrigado por falar seu nome! Sempre me sinto meio estranho respondendo "anônimo". Sempre olho rápido e leio Antônio. Fico muito feliz que você esteja curtindo o o blog e buscando o seu catálogo! Fique à vontade, a casa é sua! Espero que comente mais vezes.

      SIM! The Wire é a melhor coisa que já aconteceu no mundo. Não falo nem melhor série de TV porque é maior que isso. É um verdadeiro tratado sociológico e sei lá mais o que sobre a falência das instituições e a queda da classe média americana. É uma coisa linda, de verdade. Minha vida mudou quando assisti. Também ilustrei o post sobre o Teste Vito Russo e o LGBT no cinema com um gif do The Wire. Quando eu começar a falar sobre TV aqui (está nos planos!) eu vou falar bastante de The Wire, acredito.

      To ligado no "Homens difíceis", eu li e achei maneiro apesar de ter preguiça um pouco do jeito como o autor aborda a suposta "revolução" da TV a cabo. O próprio tal do Brett Martin faz uma mea culpa, mas a verdade é que o cara é um desses esnobes de cinema que não davam bola pra TV, então é tudo meio deslumbrado demais nos argumentos dele, quando a TV aberta fazia muito das coisas que ele diz que só surgiram com a HBO. Mas enfim...

      Se você está no 6o ep então acho que já deu pra entender o lance da "escola de exposição" ao qual me referi aqui; eu, pelo menos, quando acabei de ver o piloto falei em voz alta (sim, eu falo sozinho) "eu não entendi NADA... mas achei bem maneiro". Tipo, até o quarto ep o "wire" (a escuta) não tinha ainda nem sido montada! E é o nome da porra da série! hahaha

      Existe uma "regra" de exposição de fatos que o roteirista dá para o público para que ele entenda coisas. Tipo:

      HOMEM
      Como tá o Sr. Fernandes, o velho de guerra?

      MULHER
      Ah, você sabe como é o papai. Sempre pra lá e pra cá, correndo atrás de assaltantes, se metendo em confusões... Ainda bem que este mês ele se aposenta!


      Pequenas migalhas para que, quando daqui umas cenas a Mulher aparecer chorando pela morte do seu pai, nós entendermos o contexto.

      Só que o David Simon caga na cabeça do espectador neste quesito. E é conscientemente! Eu li uma entrevista na qual ele mencionou isso como metalinguagem para a escuta (wire), na qual você fica ouvindo atento e a galera que foi "grampeada" não fica explicando tudo, porque eles tão falando com pessoas que sabem aquilo tudo. Não seria verossimelhante na conversa toda hora um deles falar "mas peraí, o que é blue tops?"

      Simon diz que - ao contrário do que os executivos de TV dizem - esta técnica só faz o espectador se aproximar mais dos personagens, pois ele se esforça, se coloca no lugar dos personagens, pra ligar os pontos e, quando ele o consegue fazer, se sente muito mais conectado e recompensado.

      Isso é muito legal e eu tenho tentado sempre ficar de olho nisso nas exposições que acabo tendo que fazer nos roteiros. É muito difícil de defender, mas eu tento.

      E o "A most violent year" faz isso quase ad nauseum hehe como falei, só aos 40 minutos de filme você começa a entender exatamente o que é. No entanto, aqui rola um alongamento proposital, creio, pra que você fique na dúvida em relação aos propósitos do personagem principal.

      Mas então... falando a vera aqui... continue assistindo The Wire!!! inveja de você, que está vendo pela primeira vez. Prepare-se que fica melhor...a quarta temporada... oh my god. Mucho cojones.

      Abração!

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    2. Exato, como disse Billy Wilder "Deixe o público somar dois mais dois. Eles vão te amar para sempre.". Penso muito nisso na construção do roteiro, tento não ser muito explicativo e uso a questão da pista e recompensa para sempre manter o publico alerta.
      É como fazer uma caça ao tesouro onde o publico vai caminhando, seguindo a pista e quando chega ao destino, descobre uma nova pista que vai conduzindo, num ritmo crescente até o premio final.

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