Homenszinhos que moram no fundo da sua cabeça

By Eduardo Albuquerque - 1/26/2015


No outro post falei sobre como não acredito em inspiração e sim na combinação foco+energia. Beleza, mas "e quando não conseguimos responder uma questão e a solução surge do nada?", você pergunta. "Não seria isso 'inspiração'?

Não. Esses são os homenszinhos que vivem no fundo da sua cabeça.

A função deles é pegar todas as informações que você colheu na vida e aplicá-las na solução de problemas práticos que você apresenta. Só que às vezes eles se cansam; a carga de trabalho é grande. E aí o que fazer?

Olha, simplesmente não faça nada. Deixe os homenszinhos que vivem no fundo da sua cabeça fazerem o trabalho deles em paz sem bater o tempo todo na porta dizendo: “e aí? Já temos a solução?” Dê tempo e oxigene-os. A solução vai vir; eles são bons!

Quando seu cérebro fica carregado de tanto pensar e se trava, o melhor é estimulá-lo com outras coisas.

Woody Allen sempre que tem um obstáculo o qual ele não consegue transpor, toca o seu clarinete e diz que no meio acaba encontrando a solução. Sabe por que? Porque ele oxigenou (tocou clarinete) os homenszinhos.

Às vezes eu corro, às vezes eu faço música, às vezes vou para outro projeto, assisto outro filme e muitas vezes cozinho o meu almoço/jantar. Há vezes que não chego a nenhuma conclusão também. Mas é tudo parte do processo. A idéia é que na parte da frente da sua cabeça você esteja ocupado com outra coisa. Logo logo os Homenszinhos aparecem e te dão algo... e aí você fica amarradão, liga o botão foco+energia e parte rumo àquele FADE TO BLACK.

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3 comentários

  1. Em seu livro, Criatividade em Propaganda, Menna Barreto relembra que "a inspiração (como problema, a fatal de inspiração) é um conceito do século XVIII e XIX e está muito longe de toda a dinâmica que presidiu as invenções humanas, nos últimos milênios, em todos os setores. Isso porque trata-se de um fenômeno, todos concordam, puramente pessoal."

    Procurando na história encontramos:

    Bach - místico estático mas homem dos prazeres desta vida, pai de quinze filhos, autor (barroco) da maior obra musical de todos os tempos, e simultaneamente revelando pouco interesse na preservação dessa obra (os originais dos Concertos de Brandenburgo, por exemplo, ainda inéditos, foram encontrados, decênios mais tarde, servindo de papel de embrulho em uma loja comercial). Por obrigação de serviço, escreveu, durante anos, semanalmente, uma cantata. Calcula-se que devem ter sido ao todo 295 - das quais só subsistem hoje 198. Todas magníficas, sem exceção. Bach nunca escreveu para "exprimir-se", ao contrário, só compunha por encomenda, para fins litúrgicos, para a corte e para o ensino. Nenhum problema de inspiração.

    Haendel: também só compunha por encomenda - exceto pequenas peças para sua edificação particular, que guardava sem publicá-las. Homem do grande mundo aristocrático, empresário sempre envolvido em arriscadas operações financeiras, quando estava com seu último tostão isolou-se em seu estúdio durante 21 dias, saindo de lá com a partitura completa do Messias. Era capaz, sempre, de compor na hora certa, talvez principalmente quando esta hora fosse a última antes da bancarrota financeira. (Incidentalmente, o Messias deu-lhe imenso lucro, possibilitando-lhe ajudar generosamente várias instituições caritativas e eclesiásticas).

    (Fonte: Criatividade em propaganda - Roberto Menna Barreto, Capítulo 2 - Inspiração, pag 39 )

    Penso que a inspiração não existe sem estudo, trabalho e disciplina. Para aqueles que se dedicam os homenzinhos tendem a responder mais rápido e com uma frequência bem maior.

    Marcos

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    Respostas
    1. Fala, Marcos!
      Adorei o seu complemento!

      Acho que foi o golfista Arnold Palmer que uma vez foi questionado sobre a sorte que ele tinha, pois era capaz de acertar as tacadas mais impossíveis, e respondeu "Quanto mais eu treino, mais sorte eu tenho".

      Acho que é bem por aí, como você também falou. Precisamos é de foco+energia pra continuar consistentemente buscando a evolução da nossa técnica. Ou em outras palavras; continuar consistentemente mandando problemas pros Homenszinhos resolverem.

      Obrigado por escrever, fique à vontade pra escrever sempre, a casa também é sua!

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  2. Dudu, concordo contigo. No livro Paris é uma festa, Hemingway conta que aprendeu a não pensar no que estava escrevendo desde o momento em que parasse de fazê-lo. Para ele, quando parava de trabalhar, era hora de parar também de pensar em trabalho. Desse modo, seu subconsciente ficaria trabalhando no assunto e, ao mesmo tempo, ele daria atenção a outras pessoas, percebendo o mundo a sua volta. É como um momento de descanso.

    Em outro trecho, ele diz que quando não conseguia continuar um conto, ele sentava em frente à lareira, espremia laranjas e pensava: "Não se aborreça. Você sempre escreveu e vai escrever agora. Está apenas esperando uma frase verdadeira".

    Abraços,
    André

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