Isso pode parecer estúpido, mas, apesar de não tanto quanto nos Estados Unidos, ir a reuniões será boa parte da sua atividade profissional e, querendo ou não, você está numa indústria que trabalha com imagem, portanto achei interessante fazer um post sobre esse assunto.
Mas peraí... por que eu deveria ter você como role model disso? Bom, realmente a chance de você ter visto minhas escolhas “fashionistas” são poucas, mas, se gosto é gosto, o meu sempre foi abalizado por pessoas “do meio”: minha mãe é uma respeitada figurinista de cinema e publicidade e minha namorada trabalha com marketing de moda. I got you covered, fera! Confia em mim.
Ok?
Ok.
Tem uma regra por aí que diz que em uma reunião com executivos (distribuidores, produtores, às vezes até diretores) o roteirista tem que sempre ser o mais mal vestido. Eu levo mais como um chiste engraçado, mas às vezes me pego achando que é uma meia-verdade.
Como diria a filósofa Buffy Anne Summers, “It’s about Power!” e de fato pode ficar esquisito você chegar numa reunião/almoço/café com um executivo vestindo um terno todo alinhado, mais chique que o cara que tem a chave do cofre. Não estou dizendo para você ir parecendo um mendigo; acho que você tem que mostrar seu estilo. O que estou dizendo é que o jeito correto de fazer isso são os detalhes/acessórios e não a “peça-principal”. Eu costumo valorizar isso sempre com meias coloridas - é a "minha parada" - volta e meia com um relógio diferente, meu tênis Vans e, dependendo do meu grau de intimidade com as pessoas da reunião e do timeline daquela reunião dentro de um projeto, e, claro, do calor – afinal isso aqui é Rio de Janeiro – eu vou até com uma comportada bermuda.
Claro que cada reunião é um caso a parte, mas o básico sempre te salva.
Verdade seja dita; ousar na peça principal é uma aposta. De grande risco. Não precisa nem ser uma camisa espalhafatosa ou super colorida, calça de couro, sei lá... pense numa “smart t-shirt”. É uma escolha perigosa, pois a camisa pode não ser muito smart para o executivo (ou smart demais), mas... pode também gerar algum debate sobre ela que vai te fazer conectar com a pessoa melhor. Apostas são assim; risco alto pra cima e pra baixo. De toda forma eu não apostaria pelo simples fato de, nesse momento, ser mais importante o que você tem no interior e não no exterior. O que deve brilhar são suas idéias, eloqüência, modos e perspicácia. A roupa tem que lhe ajudar nisso, mas não ser a arma principal.
Cuidado pra não parecer: (i) pedante (ii) muito nerd (iii) tudo isso ao mesmo tempo.
Em suma, só não vá over-vestido. Cores básicas, camisa pólo ou camisa de botão com padronagem discreta sempre funcionam muito bem. Calça jeans, sua melhor amiga. Se você for mulher... ih, não tenho muito como te ajudar. Mas diria, observando colegas roteiristas em reuniões, que a boa são calças e saiões; nunca shortinho. A parte de cima nunca de barriga de fora, mas o decote fica ao gosto da cliente. Os detalhes de personalidade costumam vir em canetinhas adoráveis e cadernos maneirosos, capa de celular e outras coisas para as quais só uma mulher tem olho.
PS: Se você está decepcionado, achava que o cinema não tinha espaço para qualquer tipo de formalidade, relaxa que o seu momento de desfilar escolhas fashionistas mais ousadas é o set de filmagem. Aí, especialmente de acordo com o lugar onde é a locação, você pode dar asas ao seu estilo. Teve um dia no “A esperança é a última que morre” que eu fui de animal print. Sério mesmo.
0 comentários